Conforme mostra um estudo
realizado pela marca de cosméticos íntimos Vagisil, 25% das brasileiras morrem
de vergonha de sequer mencionar a palavra “vagina”. Mas, apesar de muitas mal
falarem sobre a região íntima feminina, não é raro encontrar mulheres que estão
infelizes com a aparência dela.
De acordo com o último
levantamento da ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e
estética), divulgado em 2017, as brasileiras são recordistas mundiais em labioplastias
– cirurgia para reduzir o tamanho dos lábios vaginais –, e o número de
procedimentos realizados tanto no país quanto no mundo só crescem.
Em escala global, a
labioplastia foi o procedimento estético que mais cresceu no mundo de 2015 para
2016, apresentando um aumento de 45% no número de cirurgias realizadas. No
Brasil, o total de procedimentos de redução dos lábios vaginais praticamente
dobrou no mesmo período, passando de 12,8 mil em 2015 para 23,1 em 2016.
O tamanho dos lábios, porém,
não é a única característica da vulva que deixa as mulheres “encanadas” com
essa parte do corpo. Sua cor também é algo que muitas buscam mudar (apostando
em tratamentos que clareiam a pele da região), assim como a presença de muitos
pelos na região e o odor vaginal.
Apesar de deixarem muitas
mulheres inseguras quanto à região íntima, algumas das características que mais
as preocupam são completamente normais, e a ginecologista e obstetra Flávia
Fairbanks, da Clínica FemCare, explica o que faz cada uma delas acontecer:
Qual é a cor normal da vulva?
Ter a pele da região íntima
mais escura que no restante do corpo é algo que acontece com diversas mulheres,
e, segundo a ginecologista, não é para menos, já que este é um processo
completamente natural do corpo.
Conforme explica a
especialista, a cor da vulva é determinada tanto por questões étnicas quanto
hormonais – o que significa que ela pode inclusive variar de acordo com a fase
da vida em que a mulher está. Algumas têm a vulva rosada ou avermelhada,
enquanto outras possuem coloração amarronzada.
De acordo com Flávia,
procedimentos que prometem clarear a pele da região estão mesmo na moda, mas as
mulheres não precisam se sentir pressionadas a mudar, já que não existe cor
"normal".
"Não tem nada de anormal
nisso. As tonalidades naturais são absolutamente saudáveis, comuns, não têm
nenhuma implicação e não precisam ser ‘tratadas’”, comenta a ginecologista.
Pequenos lábios maiores que os grandes e são diferentes entre si!
Flávia explica que, apesar de
o número de labioplastias estar crescendo cada vez mais e de esta cirurgia ser
indicada em alguns casos, ela não deve ser uma opção adotada de maneira leviana.
“Existem situações onde elas
estão indicadas, mas é quando esses pequenos lábios, pelo tamanho mais
volumoso, atrapalham a mulher no dia a dia, incomodam, machucam dentro de uma
calça ou atrapalham na atividade sexual, dificultando a penetração”, afirma.
Mesmo que o quadro não chegue
a casos como os citados pela ginecologista, a médica explica que é
completamente natural que o tamanho dos lábios vaginais varie de mulher para
mulher – e até de lábio para lábio em uma mesma vulva.
“Os grandes lábios são
recheados por uma gordura que fica logo debaixo da pele, e essa gordura é
mantida pelo nível hormonal. Quando a mulher vai envelhecendo, o nível hormonal
vai diminuindo e esse ‘recheio’ dos grandes lábios pode diminuir de volume, fazendo
com que os pequenos lábios se sobressaiam”, explica Flávia.
É comum também, segundo a
médica, que a mulher tenha o lábio esquerdo maior que o direito ou o inverso, e
que esse tipo de característica – caso não atrapalhe a vida da mulher – não é
algo com que ela precise se preocupar.
Tamanho do monte pubiano ou “monte de Vênus”
A “gordurinha” acima dos
lábios vaginais também é uma parte da região íntima feminina que costuma ser
submetida a cirurgias. Isso porque, enquanto algumas mulheres têm essa parte
mais “sequinha”, outras se incomodam com ela por a considerarem muito alta.
Conforme explica Flávia, o
monte pubiano também é preenchido por um tecido gorduroso mantido pelos
hormônios femininos, e que, por isso, também pode variar tanto de mulher para
mulher como de época para época.
“Não tem problema essa
diferença. Também não tem nenhuma implicação com relação à saúde da mulher ou a
capacidade que ela vai ter de engravidar, de ter orgasmos, nada disso”,
esclarece a médica.
Pelos pubianos
A presença de pelos na região
íntima também é algo que incomoda – e muito – as mulheres. Apesar de
especialistas indicarem que mantê-los aparados colabora positivamente para a
higiene íntima da mulher, tê-los não é algo que deve ser visto como “sujo”, até
porque, segundo a ginecologista, essa é uma característica normal.
Além da presença deles ser
algo natural, a médica também explica que vários aspectos deles podem variar.
“Eles podem diferir em tamanho, em volume, em espessura e em cor. O volume de
pelos se relaciona um pouco com o nível hormonal dessa mulher”, explica,
enfatizando que não existe um nível “normal” estabelecido para a quantidade de
pelos.
Odor vaginal
O cheiro proveniente da flora
vaginal também é algo que costuma incomodar bastante as mulheres. Nas
farmácias, não é difícil encontrar uma gama grande de produtos que prometem
livrá-las desse odor, mas protetores diários e até desodorantes e perfumes
podem fazer justamente o oposto – além de ser impossível a mulher não ter
cheiro algum.
Conforme explica Flávia, ter
um odor na região íntima é algo característico de uma flora sadia, mas que é
importante conhecê-lo bem para entender quando ele está ou não normal.
“Ele muda muito com o ciclo
menstrual e com o fator menstrual e a idade dessa mulher. Algumas vezes, ele
começa a ficar muito desagradável e tem de ser investigada a possibilidade de
uma infecção vaginal”, afirma a ginecologista.
Segundo ela, porém, ter uma
higiene íntima adequada é suficiente para evitar esse tipo de problema, e isso
inclui limpar muito bem a região diariamente, após ir ao banheiro e depois das
relações sexuais, não passar muito tempo com o mesmo absorvente durante o
período menstrual e manter os pelos pubianos aparados.
Para quem transpira em
excesso, também é importante trocar a roupa íntima com mais frequência, optando
por peças de algodão. Já para quem tem mais dobrinhas na região, decorrentes do
excesso de peso, o ideal é secá-las bem após o banho e permanecer sem roupa por
algum tempo para evitar qualquer umidade.