A tecnologia a serviço da
biomedicina está criando uma nova vertente de mercado que se chama
bioimpressão. O nome já sugere exatamente do que se trata: o uso de impressora
3D para produzir material biológico. No caso do laboratório Cellink, o foco é
na impressão de tecidos da pele e cartilagem, como orelhas e narizes.
Com sede na Suécia, a empresa
emprega cerca de 30 funcionários espalhados também em escritórios nos Estados
Unidos. O carro-chefe das vendas e pesquisas da Cellink não são as
bioimpressões, mas sim as tintas biológicas que torna possível que as orelhas
bioimpressas tenham células humanas.
Como são produzidos os órgãos artificiais
A tinta biológica é um líquido composto basicamente por dois
ingredientes: celulose e uma substância presente em algas norueguesas chamada
algina.
Esse material precisa ser misturado a células humanas da orelha,
cartilagens ou até fígado - depende do que precisa ser impresso, segundo o site da empresa.
Depois de impresso em 3D, o material biológico final, em forma de
orelha ou nariz, será embebido na biotinta.
O objetivo da impressão, de fato, está em produzir um material que dê
suporte biológico à proliferação de células humanas.
Além de produzir, a Cellink também comercializa o material para laboratórios
de pesquisa mundo afora. Na prática, o material bioimpresso ainda não é
transplantado para o corpo humano, mas se trata de uma pesquisa que está perto
de chegar à realidade. Você pode ver o vídeo dessa impressão clicando nesse link aqui!
O que existe até o momento e qual a utilidade
Cosméticos - pode cancelar
testes em animais
Com um tecido bioimpresso, a indústria de cosméticos pode testar um
novo produto em material muito parecido com a pele humana e dispensar os testes
em animais. "O objetivo que todos estão buscando consiste em erradicar
completamente a necessidade de testes em animais", segundo o site oficial da empresa.
Remédios - pode aumentar
eficácia de tratamentos
Já na indústria farmacêutica, a expectativa é que os resultados da
bioimpressão saiam dos laboratórios com mais rapidez. A ideia, que está em
prática ainda em escala reduzida (utilizada por poucos laboratórios no mundo,
mas em expansão segundo a empresa), é que o material seja usado em novos
medicamentos e tratamentos.
Isso poderia reduzir erros na produção de novos remédios. Acontece que
o método mais utilizado atualmente consiste na cultura de células ou bactérias
em modelos 2D. Já os testes em material 3D bioimpresso "permite produzir
modelos mais realistas e funcionais", de acordo com o site da Cellink.
É que, nesses ambientes, as células se expandem mais adequadamente e
próximo ao modelo real que ocorre em nossos corpos. "Pesquisadores podem
testar novos tratamentos potenciais e avaliar a eficácia em estágios muito
iniciais", garante a empresa sueca.
Impressão de órgãos está próxima
Embora ainda não seja possível transplantar o biomaterial impresso em
corpos humanos, esse é o foco da empresa. Segundo o criador da Cellink, o sueco
Erik Gatenholm, será possível imprimir órgãos humanos e usar a bioimpressão
para transplante nos próximos 20 anos.