Alguma vez você já sentiu dor na hora de engolir alimentos ou líquidos? O sintoma é relativamente comum e gera uma sensação incômoda e até desesperadora, por lembrar um engasgamento.
Porém, diferente do que a maioria pensa, o sinal não é inofensivo, tampouco deve ser ignorado depois que a dor passa. Isso porque ele pode estar relacionados a doenças graves - algumas até potencialmente letais.
Disfagia - dor ao engolir alimentos ou líquidos
Conforme explica o especialista Leonardo de Mello Del Grande, gastrocirurgião do Hospital Edmundo Vasconcelos, esse sintoma é chamado de disfagia – uma sensação de que o liquido ou a comida estão presos na garganta ou no esôfago.
Quando ocorre isoladamente, não há com o que se preocupar. No entanto, ao notá-lo mais de uma vez seguida, a indicação é buscar um médico o mais rápido possível.
Tipos de disfagia
Segundo conta o especialista, existem dois tipos de disfagia, que são:
- Disfagia baixa: “O sintoma acontece no esôfago, quando há uma irritação ou bloqueio que às vezes precisa de procedimento cirúrgico."
- Disfagia alta: “Acomete a garganta ou na boca e pode ser frequentemente causado por problemas neurológicos."
- Engasgos ao engolir;
- Sufocação enquanto come;
- Sensação de comida presa no peito ou garganta;
- Incapacidade de controlar a saliva na boca;
- Dificuldade em iniciar a deglutição ou incapacidade de engolir.
Causas: doenças relacionadas
As causas desse problema são variadas, já que podem ser decorrentes de doenças degenerativas, câncer ou mesmo de algum tipo de trauma. A disfagia afeta uma taxa mais elevada de idosos, mas pode atingir outras faixas etárias.
Doenças neurológicas
Conforme explica o especialista, na parte das causas neurológicas, o sistema nervoso central é responsável por controlar a deglutição e seus processos, tanto a parte involuntária quanto a voluntária. "As dificuldades podem ser sentidas ao engolir, já que o ato de mastigar e a movimentação correta da língua na hora de deglutição são alterados pelas doenças neurológicas", contou.
Neste caso, as doenças que podem causar o sintoma são:
- AVC
- Traumatismo craniano
- Esclerose múltipla
- Doença de Parkinson
- Esclerose lateral amiotrófica (ELA)
- Tumores do sistema nervoso central
Problemas no esôfago
A causa também pode estar no próprio esôfago. Para que o estômago receba os alimentos de forma sincronizada, o órgão precisa trabalhar seus músculos. "Neste caso, existem doenças que podem afetar a musculatura e causar distúrbio no transporte do bolo alimentar", explicou. São elas:
- Doença de Chagas
- Síndrome de Sjögren
- Esclerose sistêmica
- Transtornos da motilidade do esôfago
Obstrução da faringe
Existem, ainda, casos de obstruções físicas da faringe - que é quando há algum obstáculo entre a faringe e o esôfago, tornando a deglutição mais difícil. Esse impedimento pode ser devido a reduções do calibre interno do esôfago causadas por inflamações, cujas causas podem ser:
- Má formação do esôfago
- Esofagite infecciosa
- Tumores do pescoço
Outras causas
Por fim, alguns medicamentos podem causar a disfagia, como antibióticos e até mesmo anti-inflamatórios.
"Além desses tipos de disfagias citadas, existe ainda a disfagia funcional que é a dificuldade de engolir sem que haja algum motivo para justificar o problema. Isso acontece raramente e só pode ser considerado depois de todos os outros tipos já citados serem descartados", diz o médico.
Antes de realizar a bateria de exames para identificar a possível causa, o médico analisará o histórico de vida do paciente e de seus familiares, já que estas informações podem determinar predisposição a algumas das condições.
Pacientes com disfagia sempre devem ser submetidos à endoscopia alta, que é extremamente importante para descartar câncer. Durante a endoscopia, também devem ser obtidas biópsias esofágicas para procurar outras causas.
Tratamento
O paciente que estiver com esse sintoma deve procurar um otorrinolaringologista ou um gastroenterologista para buscar os melhores possíveis para solucionar esses problemas – já que o tratamento depende da causa da condição.
"O tratamento pode ser de duas formas, clínico ou cirúrgico. Se for feito clinicamente, exige o acompanhamento fonoaudiológico juntamente com o uso de medicamentos", explica o especialista. Além disso, pode ser feita uma cirurgia para a limpeza do caminho esofágico.
No caso da disfagia funcional, algumas possibilidades podem ajudar no tratamento:
- Evite se distrair enquanto se alimenta;
- Alimente-se em uma posição confortável;
- Alimente-se em ritmo e velocidade confortáveis;
- Experimente alimentos com diferentes texturas para descobrir a que melhor se adequa à sua rotina.